ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 22.08.1989.
Aos vinte e dois dias do mês de agosto do ano de mil
novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sétima Sessão Solene
da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada a
assinalar os trinta anos da Revolução Cubana. Às dezessete horas e quarenta e
dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou aos Senhores Líderes de Bancada que
conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a
Mesa: Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário deste Legislativo, no exercício da
Presidência dos trabalhos; Dr. Olívio Dutra, Prefeito Municipal de Porto
Alegre; Senhora Trinidad Perez, Adida Cultural da Embaixada de Cuba,
representando a Embaixada de seu País; Dr. Honório Peres, representando a Ordem
dos Advogados do Brasil-RS; Sr. José Luiz do Amaral, representando o Secretário
Executivo do CODEC; Arquiteto Guilherme Takeda, Presidente da Associação
Cultural José Márti; e Ver. Adroaldo Correa, 3º Secretário deste Legislativo. A
seguir, o Sr. Presidente registrou a presença de diversas autoridades e
personalidades, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da
Casa. O Ver. Omar Ferri, em nome das Bancadas do PSD e do PDT, falou acerca da
maneira como se realizam as eleições naquele País; discorreu sobre os resultados
da Revolução Cubana; teceu críticas ao sistema capitalista e afirmou que após
os trinta anos decorridos dessa Revolução Socialista, as necessidades básicas e
fundamentais do povo cubano estão garantidas. O Ver. Vicente Dutra, em nome das
Bancadas do PDS e do PFL, saudou os ideais da Revolução Cubana e desejou ao
povo cubano que seus anseios se revertam em eleições diretas e liberdade de
imprensa. A seguir, o Sr. Presidente registrou o recebimento de
correspondência, alusiva à solenidade, do Sr. Embaixador de Cuba, do Governador
Pedro Simon, do Deputado Bráulio Marques, e do Diretor-Presidente da EPATUR,
Sr. José Carlos de Mello D’Ávila. E o Ver. Giovani Gregol, proponente da Sessão
e em nome das Bancadas do PT, PCB, PMDB e PTB, leu poesia, letra de música, de
autoria do poeta Pablo Milanez e Chico Buarque; destacou a importância da
Revolução Cubana e suas conseqüências para os países latino-americanos e do
chamado Terceiro Mundo. E salientou que o mérito da Revolução Socialista de
Cuba é ter como prioridade o povo, e ser resultado de muita dedicação, desse
mesmo povo, resgatando, assim, a dignidade do povo e do país. Discorreu sobre a
questão da saúde, da cultura e do modo de vida naquele País; e da ligação
tradicional que existe entre o povo cubano e os habitantes de Porto Alegre,
especialmente na área cultural. Em prosseguimento, o Sr. Presidente concedeu a
palavra a Sra. Trinidad Perez que, em nome da Embaixada de seu País e em nome
de seu povo, agradeceu a solidariedade consignada neste ato, destacou os ideais
da Revolução Cubana e afirmou que a erradicação do analfabetismo, a reforma
agrária, a privatização dos bancos que, a despeito do isolamento e boicote
enfrentado, são obras concretas dessa Revolução. A seguir, o Sr. Presidente, em
pronunciamento alusivo à Sessão, destacou ser Cuba um exemplo muito especial
para todo o mundo, e que a Revolução Cubana teve e terá repercussão não apenas
na América, mas a todo o mundo. Apresentou solidariedade ao povo cubano e
saudou a revolução. Às dezoito horas e quarenta e cinco minutos, o Sr.
Presidente convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala
da Presidência da Casa e, nada mais havendo a tratar, encerrou os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Lauro Hagemann e
secretariados pelo Ver. Adroaldo Correa. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE
(Lauro Hagemann): Declaro
abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear os 30
anos da Revolução Cubana.
Pedimos às Lideranças que conduzam seus convidados a fazerem parte da
Mesa.
(Os convidados são conduzidos à Mesa.)
O SR. PRESIDENTE: Anunciamos a presença do Sr.
Prefeito Municipal Olívio Dutra e a presença dos Secretários Municipais;
Representantes da Associação de Serviço de Justiça, Paz e Ecologia. Falarão em
nome da Casa o Ver. Omar Ferri, pelas Bancadas do PSB e PDT; Vicente Dutra,
pelas Bancadas do PDS e PFL; Lauro Hagemann, pelo PCB; Giovani Gregol, autor da
proposição, falará em nome das Bancadas do PT, PMDB e PTB.
Nós queremos dizer, inicialmente, que a Casa se sente muito honrada com
a presença de tão elevados dignatários, para homenagearmos um acontecimento que
teve, tem e terá uma repercussão muito grande não só na América, mas em todo o
mundo, que é a Revolução Cubana. Com este objetivo, nós concedemos a palavra ao
primeiro orador, Ver. Omar Ferri, que falará pelas Bancadas do PSB e PDT.
O SR. OMAR FERRI: Exmo Sr. Lauro
Hagemann, Presidente em exercício desta Sessão Solene e 1º Secretário da Câmara
Municipal de Porto Alegre; Exmo Sr. Olívio Dutra, DD. Prefeito
Municipal de Porto Alegre; minhas senhoras, meus senhores; Srª Primeira Dama do
Município, Dona Judith; meus colegas Vereadores.
Eu quero preliminarmente dizer que estou muito honrado em representar,
neste ato, a minha Bancada, a Bancada do Partido Socialista Brasileiro, e
falar, igualmente, em nome da Bancada do Partido Democrático Trabalhista.
Quando eu passava por esta porta, ouvi da Srª Trinidad Perez uma
expressão de surpresa em virtude de uma pergunta que lhe fizeram. Uma pergunta
que ao mesmo tempo poderia ser um questionamento. São sempre indagações que
comumente ouvimos, Cuba é uma ditadura, pois em Cuba não se realizam eleições.
Isso não é verdade. Possivelmente, lá se realizem eleições muito mais
democráticas do que as eleições realizadas dentro dos quadros eleitorais do
sistema capitalista. Em Cuba existem circunscrições eleitorais que elegem os
Conselhos Municipais do Poder Popular; por sua vez, os Conselhos Municipais do
Poder Popular elegem o Conselho Nacional do Poder Popular, e cabe a este, por determinação
Constitucional, a eleição do Conselho de Ministros, que escolhe o seu Primeiro
Ministro. Nós estamos cansados de ouvir estas farpas dos políticos que
representam sistemas capitalistas burgueses, de que o sistema socialista não é
democrático. Pois eu invoco aqui o Professor T. D. Weldon, do Magdalen
College, Oxford, Inglaterra, que disse uma frase muito célebre que eu ouso
transmitir, hoje, a este preclaro Plenário: “O contrário da democracia é a
ditadura, e não o socialismo, pois o contrário do socialismo é o capitalismo”,
e ligo a frase do Professor Weldon a uma outra, do aguerrido ilustre e genial
comandante de la Sierra Maestra, Che Guevara, quando dizia que “é
tão criminoso quem promove uma guerra evitável, como criminoso é aquele que
evita a deflagração de uma revolução inevitável”. Eu estive em Cuba duas vezes.
Uma vez, em janeiro de 1964, quando fui convidado pelo Governo Cubano para
participar do 5º Aniversário da Revolução Socialista e em maio do ano passado,
quando, depois de 24 anos, retornei à libertada Ilha do Caribe.
Em razão de minhas viagens, alguém poderá formular indagações relativas
ao sistema implantado pela via revolucionária. Não podemos teorizar as
explicações, muito menos as respostas. E digamos desde logo que o socialismo é exatamente
o contrário do capitalismo, por um simples mecanismo de raciocínio. Enquanto
que no capitalismo o sistema social funciona em benefício de uma cúpula de
privilegiados que evidentemente e por via de conseqüência, detém o poder em
suas mãos, no sistema socialista o processo se inverte, pois estes 20 ou 30%,
no máximo, de privilegiados, se transformam em vítimas da democracia da
maioria. Então, o privilégio no sistema socialista é o privilégio das maiorias
que se impõe contra as minorias até a plena realização da vontade
revolucionária. Em outras palavras, o socialismo é o capitalismo às avessas e,
vejam bem, estamos comemorando o trigésimo aniversário da grande revolução, da
primeira Revolução Socialista vitoriosa em nosso continente. Me lembro de alguns
de seus líderes: Fidel Castro, Che Guevara, Raul Castro, Abel Santa Maria,
Camilo Cienfuegos, Pedro Miret e muitos outros.
Trinta anos se passaram e hoje se pode dizer, tranqüilamente, que as
necessidades básicas e fundamentais de todo o povo cubano estão garantidas,
inclusive para os que não trabalham. A diferença de 1964 para 1989 é a
seguinte: nos muros, nas paredes de Cuba estava escrita uma frase, em 1964:
“Quem não trabalha, não come”. Agora esta frase não existe mais, porque não há
nenhuma necessidade de sua existência, porque se alimentam em Cuba, mesmo os
que não trabalham. Para que os senhores percebam o grande alcance social da
Revolução Socialista. Lendo a Constituição Cubana que eu tenho comigo aqui
nesta Casa, saber-se-á que a estrutura de uma comunidade humana não é somente a
criação normativa, mas também a expressão de sua infra-estrutura
sócio-econômica para que se estabeleçam as diferenças que existem em nossas
leis, ou em nossa Constituição, cujos clausulamentos são meramente formais, por
não conterem a substância da realização social daquilo que as palavras
expressam em seu caráter cívico, político, econômico e social, como reflexo da
transformação da economia capitalista numa economia de caráter socialista, que
assinala a propriedade social e que faz com que a propriedade social predomine
sobre os meios de produção. Esta substituição da propriedade capitalista pela
propriedade social dos meios de produção significa uma vital transformação.
Passo, então, a assinalar com alguma ênfase estas palavras. Daí por que o
latifúndio, a monocultura, o desemprego crônico, a miséria das nossas
populações campesinas e obreiras, o analfabetismo e a corrupção administrativa
somente podem ser erradicadas mediante transformações profundas e, sem estas, a
impunidade neste País continuará sendo uma instituição que está desafiando a
arte e o engenho dos políticos brasileiros. A Revolução Cubana parte do
princípio de que o povo é o artífice da história e que a construção do
socialismo, sob a direção da classe trabalhadora, é sua energia e sua
inteligência. Desta maneira, o poder político e a economia socialista se
complementam entre si e constituem os instrumentos mediante os quais os
trabalhadores organizam a sua vida. O Estado é o proprietário único de todos os
bens sociais, de maneira que por trás de cada pessoa jurídica se tem o Estado,
como coletividade organizada de todo o povo. Portanto, o Estado, quando se
apropria dos meios de produção, não o faz contra o povo e à revelia do povo,
mas o faz em nome do povo e os seus benefícios são imediatamente colocados ao
alcance do povo.
Em nome de um partido que é socialista, em nome de um partido que é,
também, revolucionário, porque somente através da revolução social se pode
conseguir as transformações que o povo quer e a mudança de qualidade de uma
estrutura social arcaica, obsoleta, velha e medieval; em nome, portanto, de um
partido revolucionário que penso seja também o PDT, o Partido Socialista
Brasileiro de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, com assento nesta Casa, tem a
máxima honra de evocar o grandioso passado de lutas de um povo que não se
dobrou frente ao imperialismo tão próximo e tão voraz. Que Cuba, seu povo e sua
Revolução sejam para nós um farol que na América haverá de simbolizar os
verdadeiros dias da libertação das nossas terras, das nossas gentes, das nossas
pátrias e dos nossos povos. Sou grato.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador é o Ver. Vicente
Dutra pelo PDS e pelo PFL.
O SR. VICENTE DUTRA: Ilmo Ver. Lauro
Hagemann, 1º Secretário no exercício da Presidência nesta Sessão Solene; Srª
Primeira Dama; Srs. Secretários do Município; senhores e senhoras; Vereadores.
(Lê.)
“O Partido Democrático Social associa-se através da palavra que me foi
confiada, às homenagens pelo transcurso do trigésimo aniversário da Revolução
Cubana. A exemplo das demais Bancadas desta Casa, fazemos coro e justiça ao
movimento armado que conduziu Fidel Castro ao poder, e através do qual
reconhecemos, foi resgatada a dignidade de um povo que sofreu a barbárie do
privilégio, das discriminações, da repressão e dos derramamentos de sangue
causados pela ditadura de Fulgêncio Batista.
Os tempos desde então corridos contribuíram para a longa e indesejada
interrupção de nossas relações, felizmente resgatadas, graças ao incansável
trabalho dos nossos diplomatas. Essa normalização não fez mais do que
reconhecer a aprofunda identidade existente entre os dois povos, eles e só eles
detentores legítimos do poder delegado a seus governantes. A identidade entre
cubanos e brasileiros prescinde de justificativas. Nossa gênese e nossas
índoles, caráter comum, consubstanciado pelo trabalho e destino que nos
aguarda, têm traduzido essa mesma identidade na mais respeitosa e sincera
amizade.
E é sempre com orgulho que se endereçam cumprimentos aos amigos, assim
como é sempre com grandeza e com a convicção de ser bem-vindo que se formulam
críticas aos amigos, com o único objetivo de auxiliá-los, de modo a
fortalecer-se a amizade mútua.
São, assim, de toda ordem os nossos motivos para cumprimentar os cubanos
pelos feitos, pelos êxitos e pelas conquistas destas três décadas,
especialmente no terreno cultural e científico.
Não cabem críticas nesta hora de festa. Nesta hora, fazem-se apelos. E a
nossa consciência democrática não pode deixar esvair-se a oportunidade deste
congraçamento, sem reiterar o apelo, já tantas vezes formulado pelos liberais
do mundo inteiro, para que Cuba - a terna e grandiosa Cuba - faça coro, como
nós, aos novos tempos de liberdade civil, aos novos tempos de transparência
política, aos novos tempos de legitimidade democrática, que hoje contagiam
todos os povos.
O PDS, saudando os ideais da Revolução de 26 de julho de 1953,
finalmente vitoriosa em 1959, neste encontro fraterno com seus amigos cubanos,
manifesta seu vibrante desejo de que todo o sucesso até aqui alcançado passe,
quanto antes, a coroar-se pela altivez conferida única e exclusivamente por
eleições livres, precedida de campanha, na qual a oposição possa livremente
cumprir o seu papel e a imprensa tenha sempre a liberdade indispensável para
atuar, às vezes por meio do encômio, às vezes por meio da crítica. Assim como
se costuma fazer entre amigos. Assim como só os melhores amigos costumam fazer.
Obrigado.”
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de passarmos a palavra ao
orador seguinte, a Mesa deseja registrar o recebimento de uma mensagem do Sr.
Embaixador de Cuba no Brasil, agradecendo o convite para assistir no dia de
hoje a esta Sessão Solene. Ele diz que infelizmente nesta data ele estará em
Cuba pelo que fica impossibilitado de vir até Porto Alegre. Também registramos
um telex do Governador Pedro Simon, agradecendo o convite para a Sessão Solene
que assinala a passagem dos 30 anos da Revolução Cubana. Também registramos
mensagens de solidariedade do Dep. Bráulio Marques e do Diretor-Presidente da
EPATUR, Dr. José Carlos Mello D’Ávila.
Passamos a palavra, agora, ao Ver. Giovani Gregol, autor da proposição
desta Sessão Solene, que falará pelas Bancadas do PT, PCB, PMDB e PTB.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Ver. Lauro Hagemann, 1º
Secretário, representando o Presidente da Câmara de Vereador de Porto Alegre;
Dr. Olívio Dutra, Prefeito da cidade de Porto Alegre; Srª Trinidad Perez
Valdez, Adida Cultural da Embaixada de Cuba no Brasil, representando a sua
embaixada; Senhores Vereadores; senhoras e senhores.
Gostaria de começar meu discurso, em nome das Bancadas do PT, do PCB, do
PMDB e do PTB, com a leitura de alguns trechos de uma poesia muito bonita,
aliás, letra de uma música escrita por Pablo Milanez, o tão famoso e grandioso
poeta e músico cubano, e Chico Buarque de Hollanda, que não precisamos
apresentar. Chama-se Canción por la Unidad de Latino América que tem, no
nosso entender, tudo a ver com este momento que estamos comemorando agora. Diz
a poesia, que é bilíngüe: “El nacimiento de un mundo se apla ó por un
momento/ fue un breve lapso del tiempo, del universo un segundo/ que
distância tão sofrida, que mundo tão separado/ jamás si habiera
encontrado sin aportar nuevas vidas/ e quem garante que a história é
carroça abandonada numa beira de estrada, ou numa estação inglória/ a história
é um carro alegre, cheio de um povo contente/ que atropela indiferente todo
aquele que a negue/ lo que brilla con luz propia/ nadie le puede apagar/ su
brillo puede alcanzar, la obscuridad de otras costas/ já foi lançada uma
estrela, para quem souber enxergar/ para quem quiser alcançar e andar abraçado
nela”.
Esta poesia, que foi escrita conjuntamente pelos dois poetas, inicia
falando da situação da América Latina, do mundo, uma distância tão sofrida e de
um mundo separado e, diríamos também, tão explorado e tão oprimido por outras
forças e outros interesses que não são os nossos e nem os dos nossos povos.
Longa, muito longa é a caminhada dos povos pela sua libertação,
especialmente os povos pobres chamados terceiro mundistas, especialmente da
nossa América Latina e Cuba, que nós, a Câmara de Vereadores e a cidade de
Porto Alegre, estamos homenageando com esta Sessão. Cuba, o povo cubano e os 30
anos da Revolução Socialista vitoriosa de Cuba são extremamente importantes
para nós, por vários motivos: um deles é precisamente este que nos referimos
aqui, que são os 30 anos da Revolução Socialista, que é um exemplo, um
referencial para todos aqueles que lutam pela emancipação dos povos
latino-americanos. A Revolução Cubana foi vitoriosa, continua vitoriosa, mas
ela não se completou como o socialismo que se preza, digno deste nome, se
constrói e se conquista no dia-a-dia. E é bom citarmos algumas vitórias da
Revolução Cubana. É ilustrativa neste momento, em todos os momentos, por
exemplo, a taxa de mortalidade infantil de Cuba, a taxa de analfabetismo de
Cuba, a expectativa de vida do povo cubano, que salta e ressalta aos nossos
olhos quando comparamos com outros países, com os demais países da América
Latina, com o nosso País, o Brasil, e inclusive quando comparamos com os países
desenvolvidos da Europa Ocidental, da América do Norte.
O analfabetismo inexiste em Cuba e, ressalte-se, é um país pequeno e tem
menos da metade da área do nosso Estado do Rio Grande do Sul. É um país pobre,
podemos dizer, em recursos minerais, minérios, florestas, porém, é um país que
cuida muito bem dos seus recursos naturais, porque os tem em pequena
quantidade, preserva muito bem seus mananciais de água, as suas florestas, seus
parques nacionais, porque sabe que a manutenção destas áreas é a garantia do
seu abastecimento de água, que Cuba tanto precisa para sua agricultura, para
sua vida.
Este pequeno país, menor que a metade do nosso Rio Grande do Sul, este
pequeno país com a população maior que 10 milhões de habitantes, portanto,
menor que a do nosso Estado não tem mais analfabetismo. Os dados de três ou
quatro anos atrás falam de 0 a 2%, ou seja, do ponto de vista dos técnicos
especialistas no assunto, é praticamente inexistente. Cuba conseguiu partir de
uma taxa de analfabetismo em torno de 40%, nos anos anteriores da Revolução,
segundo os dados oficiais da época, praticamente subestimados, para a
erradicação total do analfabetismo. É um dos poucos países do mundo que tem
essa honra, junto com a Suíça, Suécia e assim por diante.
A expectativa de vida do povo cubano também é extremamente alta, se
comparada com a nossa: para os homens 70 anos e para as mulheres 74. A
mortalidade infantil que é tida como índice que não mede só o fato em si, mas
que mede a qualidade de vida de uma população, é extremamente baixa. Em 1985
andava por volta de 17 crianças mortas por mil nascimentos. Próximo da Áustria,
que tem 12; os Estados Unidos têm 10; Israel tem 14; a Índia tem 118; Venezuela
39; o Brasil tem 63 crianças que não completam um ano de vida. E Cuba, que é um
país pequeno, pobre em recursos e com a população menor que a nossa, tem apenas
17. E, nesse ponto, também é comparada aos países mais ricos.
E daí vem a pergunta: como foi possível? É um milagre? Não! É um acaso?
Não! É fruto de muito trabalho e muita dedicação? Sim! Mas esse trabalho e essa
dedicação só foram possíveis e só se viabilizaram em função de uma Revolução
Socialista, que acima de tudo resgatou a dignidade de um povo, a dignidade de
uma população, a dignidade de um país. País este que, antes da Revolução, é
relatado, conforme, inclusive, fontes de filmes e de literatura. Ernest
Hemingway, que morou em Cuba, que amava Cuba, que morou em vários lugares de
Cuba, que morou em Havana, que freqüentava os bares da noite, nos contava a
série de situações de Cuba durante a ditadura de Fulgêncio Batista. Antes da
Revolução, 90% das terras agriculturáveis pertenciam a capitais estrangeiros,
especialmente norte-americanos. Mais de 50% dos serviços pertenciam a empresas
multinacionais, em que 40% da produção açucareira, o principal produto de
exportação de Cuba pertenciam aos mesmos interesses. Um povo paupérrimo,
explorado, humilhado, que através da iniciativa de um pequeno grupo de homens,
inspirados no histórico e célebre exemplo de José Márti, o grande líder, o
grande arquiteto da guerra de independência de Cuba, do domínio colonial
espanhol, fez a Revolução com o apoio popular. Depois de várias derrotas
sofridas, como a tentativa de tomada do Quartel de Moncada em Havana e outras
tentativas, soube, sempre em função dos interesses maiores do povo e junto com
o povo, lá em Sierra Maestra, se abrigar e ali construir aquilo que se
transformou no grande movimento de massas apoiado pelo movimento de guerrilhas.
E foi a proporção de um para vinte, havia um guerrilheiro socialista para cerca
de vinte soldados do exército regular cubano, apoiados de todas as formas,
técnicas, estratégicas, econômicas, militares, pelos Estados Unidos, mas venceu
essa guerra e no dia 1º de janeiro de 1959, entrou vitorioso na cidade de
Havana. E, como eu disse, esta vitória vem se consolidando dia-a-dia, porque em
Cuba a Revolução mostrou e está mostrando a que veio, e Cuba certamente não
está satisfeita com estes índices, ela quer melhorar, ela quer ir além, ela
quer se aperfeiçoar. Existem problemas em Cuba? Cuba é um paraíso tropical?
Não, seria contrário ao próprio pensamento, à própria origem do pensamento e
estrutura do pensamento socialista, do movimento socialista considerar que é
possível que existam paraísos. Não, Cuba não é um paraíso, Cuba tem muitos
problemas, mas lá o povo é a prioridade absoluta, lá a infância é respeitada.
Em Cuba se faz o controle da natalidade. A educação, toda a assistência médica,
a medicina preventiva, é toda gratuita, inclusive, em Cuba, o aborto é
permitido por lei. Ele não é considerado, como aqui no Brasil, um homicídio, um
crime hediondo mas, em Cuba, entretanto, não se praticam hoje em dia mais
abortos; ao contrário do Brasil, onde se praticam de 4 a 6 milhões de abortos,
apesar da proibição, porque a assistência social, a disseminação na população
dos métodos de controle da natalidade, o fato de que a mulher tendo um filho,
sabe que ele não passará fome, que ele não viverá na miséria, faz com que
praticamente o aborto não seja mais praticado e a população do país esteja
estável, com pequeno crescimento, se estabilizando, portanto mantendo um
equilíbrio que é muito importante entre a população e os recursos do país.
Também é preciso dizer que Cuba,
nesta tarefa, foi muito boicotada por um lado - e continua sendo -
especialmente pela sede do imperialismo internacional, que ali ao lado, a 150
km apenas, até hoje não se conformou com a libertação deste povo, de uma área
que ele considera o quintal, assim como considera a Nicarágua, El Salvador,
Guatemala, quem sabe o Brasil. Cuba soube se impor, enfrentou o boicote
econômico total decretado em 1961 pelos Estados Unidos; enfrentou a sabotagem, inclusive
militar; enfrentou a tentativa de reinvasão do país na Baía dos Porcos e soube
sobreviver, se impor e ser um exemplo para o mundo e também contou, claro, com
muito apoio internacional de socialistas do mundo inteiro, em especial da União
Soviética e outros tantos países.
Mas Cuba, apesar de ter problemas, apesar de ter muito que melhorar,
apesar das gigantescas conquistas já alcançadas, Cuba não se sente isolada do
mundo. Não vê o mundo como um acúmulo de países completamente isolados,
especialmente a América Latina, este mundo tão isolado, tão separado de que
falavam os poetas. Apesar da sua pequenez geográfica, apesar da sua relativa
dificuldade econômica, Cuba mantém relações, não só formais de amizade com os
povos de todo o mundo mas, inclusive, na prática, tem destinado uma substancial
parte dos seus recursos financeiros, técnicos, humanos, inclusive, para a
conquista e manutenção do socialismo e da independência de povos do mundo
inteiro. Quero citar apenas dois exemplos, que são o exemplo de Angola e da
Nicarágua. Em Angola todos nós sabemos que, provavelmente, aquele regime que
recentemente fez a sua independência, deixou de ser Colônia Portuguesa, não
teria resistido aos avanços do imperialismo, do subimperialismo do regime
racista da África do Sul. Este exemplo é tão importante quando nós sabemos que,
recentemente, os soldados cubanos, em Angola, com o apoio daquela população e
do exército angolano, derrotaram - isto foi muito pouco noticiado na imprensa
internacional - as forças invasoras da África do Sul e seus aliados que estavam
em território angolano, obrigando a África do Sul a um acordo inédito, em
termos de mundo, que se retirou do território angolano e que, inclusive, acabou
abrindo mão, pelo menos provisoriamente, mas formalmente, do próprio território
da Namíbia que se encontra ainda completamente ocupado por tropas da África do
Sul.
Da Nicarágua nós não precisamos falar, é preciso ressaltar que Cuba
deixou bem clara a sua posição em relação à América Latina: de que ela não
envia ajuda militar de qualquer tipo. Mas a Nicarágua, um outro grande exemplo
do destino histórico dos povos latino-americanos, recebe ajuda técnica, ajuda
econômica, ajuda humanitária de Cuba em proporções importantes para aquele
país, a Nicarágua. Nos poderíamos falar muito também a respeito da cultura
cubana, país de grandes poetas, grandes músicos, grandes escritores. Eu só
quero, até para cumprir um desejo pessoal, citar um autor de extrema
importância para mim, que é Alejo Carpentier, autor de obras fundamentais. Para
se entender a produção literária da América Latina, como “Os Passos Perdidos” e
o “Século das Luzes”, que realmente mudaram a minha forma de entender e de ver
a América Latina. E a nossa cidade de Porto Alegre tem muito a ver com esse
país e com essa Revolução. Porto Alegre tem uma ligação tradicional com aquela
cultura, com aquele povo. Para citar alguns exemplos, o Festival de Cinema de
Havana, um dos mais conhecidos do mundo, foi ganho, em 1984, por dois
conterrâneos nossos aqui de Porto Alegre, que são o João Pedro Goulart e o
Jorge Furtado, com aquele curta “O Dia em que Dorival Enfrentou a Guarda”. O
prêmio literário Casa de Las Américas, célebre também, talvez o mais célebre
prêmio literário de toda a América Latina teve, em 1989, neste ano portanto,
como vencedor um porto-alegrense, Moacir Scliar, com o livro “A Orelha de Van
Gog”. Também, em 1987, o prêmio literário Casa de Las Américas, do qual foi
jurado o aqui presente Vereador e Secretário Antonio Hohlfeldt, concedeu o
prêmio a Marta Navarro, Professora da UFRGS na categoria de ensaio literário.
Na Bienal Latino-Americana de Gravura, de 1983, foi vencedora e está aqui
presente entre nós Ana Luíza Alegria, uma artista plástica de nossa Cidade. E
não é por acaso que a Associação Cultural José Márti, aqui representada pelo
seu Presidente Guilherme Takeda, é a mais bem estruturada, a mais bem
organizada, a mais forte, diríamos, de todo o Brasil.
Então, Porto Alegre tem ligações
já bastante sólidas com o povo cubano, com aquela cultura, até porque
culturalmente nós somos muito semelhantes. Cuba também tem a miscigenação das
culturas e das raças africanas, a contribuição, como nós, européia, ali
principalmente espanhola e também indígena.
Eu quero concluir, deixando então a saudação destes quatro Partidos, destas quatro Bancadas que ora represento. Dizer que não só é um prazer, não só é uma homenagem, mas que é um alento para nós, brasileiros, nós que lutamos pela emancipação do nosso povo, que queremos um Brasil melhor, que queremos um Brasil com o povo no poder, com um poder que exista em função dos interesses da maioria do povo e não dos interesses de uma minoria, de uma aristocracia, como nós hoje vivemos. E Cuba, realmente, é um exemplo que nós seguimos e sempre continuaremos seguindo. Quero deixar, então, a minha saudação ao povo, ao país e aos 30 anos da Revolução Cubana. Viva Cuba!
E completo, de novo, com uma poesia de Sílvio Rodrigues e Pablo Milanez, que disse em homenagem a Ernesto Che Guevara, grande articulador, lutador e mártir da luta de emancipação política, econômica e social da América Latina.
(O Sr. Giovani Gregol lê
o poema.)
“ Si El Poeta Eres Tu
... Que puedo yo cantare comandante/ Si el
poeta eres tu/ Como dijo el poeta/ Y el que ha tumbado estrellas/ En mil noches
de lluvias coloridas eres tu/ Que puedo yo cantarte comandante.
Silvio Rodríguez - Pablo Milanes”
Sou grato. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a honra de conceder a
palavra a Srª Trinidad Perez, Adida Cultural da Embaixada de Cuba e representando
neste ato a embaixada do seu país, nesta Sessão Solene.
A SRA. TRINIDAD PEREZ: Queridos amigos e personalidades
integrantes da Mesa; queridos amigos e companheiros aqui presentes. Não trouxe
nenhum discurso preparado e quero referir-me a alguns aspectos que se
relacionam com o meu país e com a Revolução Cubana que foi referido hoje, aqui
pelos diferentes oradores.
Certamente meu país é um lugar extremamente pequeno geograficamente, uma
pequena ilha que tem apenas 111 mil km2. E este país há 30 anos foi
condenado ao isolamento absoluto por um bloqueio, tanto no campo político,
econômico, social e cultural. E esta decisão, que não foi uma decisão dos
países da América Latina nem do Caribe, mas foi uma decisão do governo dos
Estados Unidos, não significou exatamente o isolamento para o povo cubano. Nós
sabemos o porquê dessa decisão em relação ao meu país, é que Cuba havia feito
uma opção para o socialismo, a opção por uma revolução que era uma revolução
dos humildes, pelos humildes e para os humildes. Essa decisão não era teórica,
não era uma decisão por decreto que dizia que, a partir de 1961, Cuba passaria
a ser um país socialista. Foi uma decisão com feitos concretos e com feitos
reais que partiram de uma campanha de alfabetização, onde internacionalmente
foi reconhecido que Cuba era um território livre de analfabetos. Com uma
reforma agrária que desapropriou as terras e as deu aos camponeses. Onde
propriedades com mais de 35 corporações de bancos existentes em Cuba,
norte-americanas, passaram às mãos do povo cubano. Então, era um socialismo com
atos muito concretos, assim o bloqueio tinha razões muito localizadas. E se
perguntarem quais terão sido os logros do meu país, os logros da Revolução
nesses 30 anos, eu diria que são todos estes: não ter crianças nas ruas sem
sapatos, ter escola, ter comida para todos, ter uma sociedade que não é uma
sociedade com grandes lucros de nenhuma sociedade de consumo, uma sociedade
modesta, uma sociedade sensível e uma sociedade empenhada em desenvolver planos
para nosso país. Esse plano econômico de inversão a largo prazo que
possivelmente nem minha geração, nem outra geração mais adiante iremos ver, mas
que temos fé que vai ser assim, para todo o povo, para o bem- estar do povo.
Se me perguntassem, também, de tudo isso qual é o lucro maior da
Revolução, diria que foi a capacidade de resistência do povo cubano para romper
o encilhamento que nos quiseram impor. Quer dizer, deixar que Cuba ficasse
sozinha lá, fora do contexto da América Latina, a Revolução para todos os
cubanos significou, em primeiro lugar, uma reafirmação de nossa identidade
nacional, de nossa personalidade como povo. Quer dizer, foi o resgate de nossa
soberania, de nossos valores culturais e de nossa história. A história contada
pela primeira vez com outro ponto de vista, de outro ângulo e de outro setor da
sociedade. Então, isso não foi possível e para Cuba em todos esses anos foi
extraordinariamente, digamos impressionante, haver sentido também a expressão
de solidariedade, os sentimentos de também estar presente e de sentir que nosso
povo é como outro qualquer povo deste continente. Estas manifestações que nós
recebemos ao longo de todos esses anos fizeram possível que Cuba estivesse
junto à América Latina. No caso do Brasil, hoje, aqui, senti uma emoção muito
grande. Primeiro por sentir-me também tão bem acolhida entre tantos amigos
nesta cidade de Porto Alegre que não conhecia, onde senti o mesmo calor humano
que no resto de todo o Brasil. As relações com Cuba, que somente foram
oficializadas há quatro anos, são resultado de muitos anos de trabalho, de
muitos anos também de relacionamento do artista do Brasil, do povo brasileiro,
dos políticos do Brasil, dos trabalhadores do Brasil, com essa vontade de
entrosamento e de estarem presentes juntos a nós.
Então, hoje, já nos relacionamos e temos, atualmente, já firmado um
convênio cultural entre governos, temos acordos, intercâmbios econômicos e
científicos e projetos no campo comercial que pensamos que irão favorecer ainda
mais as relações, o que nos dá grande alegria. Também as relações bilaterais no
campo político com o nosso país, nesses anos, foram aprofundadas e o caminho
está aberto e continuará aberto.
Portanto, quero agradecer as palavras dos oradores que foram
extremamente solidários mais uma vez com Cuba e dizer, também, que recordava
igualmente uma canção de Pablo Milanez que diz que nós não somos uma sociedade
perfeita e que temos muitas coisas a desenvolver e muitas coisas a alcançar.
Também para todo revolucionário cubano, para um comunista cubano, se
perguntarem neste momento de 30 anos de Revolução o que nós sentimos
enfrentando esse processo, diríamos: a inconformidade, por que queremos ser
melhores, queremos seguir a luta, cremos que ainda não alcançamos tudo o que
queremos e que temos que continuar nos nossos princípios, sobretudo nos nossos
princípios éticos. E recordava, também, José Márti que diz, em seus ensaios,
que mais vale uma idéia mesmo que seja do fundo de uma cova do que todos os
exércitos juntos.
Então, amigos, eu quisera agradecer em nome da embaixada, mas sobretudo
agradecer em nome do povo de Cuba de que sou parte, do meu povo revolucionário,
a todos os Srs. Vereadores por todas essas palavras, por esse carinho nesta
tarde aqui na Câmara de Vereadores, agradecer sinceramente esta homenagem a
Cuba. Nós vamos transmitir ao nosso povo e isso chegará para toda Cuba que, se
me permitem terminar com uma frase, que se não é a mais adequada aqui nesta
Sala, de todas as maneiras penso que é o que sinto neste momento e quero dizer,
quero terminar com algo que nós, em nossas concentrações e em nossas reuniões
populares terminamos: “Viva a solidariedade com todos os povos da América
Latina, viva Cuba livre, socialismo ou morte.” Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Nós não poderíamos encerrar esta
Sessão Solene sem dizer algumas palavras em nome da Mesa e da Casa como um
todo. Particularmente para mim é muito honroso presidir esta Sessão, pois como
único representante comunista nesta Casa tive este privilégio. Mas,
independente disso, Cuba significa para os americanos um exemplo muito
especial. Pela primeira vez, neste continente, um pequeno país ousou desafiar
os poderosos e conseguiu com tenacidade, com bravura, estabelecer no seu
território uma nova forma de sociedade que tem dado exemplos para nós e para o
mundo e Cuba recebe neste instante a nossa solidariedade como tem recebido
nesses 30 anos de Revolução, uma solidariedade que não ficará somente em
palavras, deverá refletir em atos concretos, solidariedade que significa o
prosseguimento de um sistema político, econômico, social, que os cubanos
escolheram e que nós aqui, também em nosso País lutamos por estabelecer.
Srª Trinidad Perez, leve ao seu Governo, ao seu país, a saudação muito
fraterna deste pedacinho do Brasil, Porto Alegre. Aqui os cubanos terão sempre
o prolongamento de sua casa. Obrigado por sua presença.
Obrigado pela presença dos convidados, do Prefeito Olívio Dutra; do Dr.
Honório Peres; do Dr. Guilherme Takeda; do Sr. José Gomes do Amaral, que
compõem esta Mesa; aos Vereadores e a todos que compareceram a esta Sessão.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 18h45min.)
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